Cabelo,
emaranhado de fios, ora presos, ora soltos, expressa beleza, força e
poder, recebe cuidados muito específicos da localidade. Cabelo Seco,
núcleo da criação, solo da ocupação. Terra dos Rios que se
encontram, Pontal, do vértice continental, que se lança ao
horizonte onde o sol se põe, com o brilho que reluz num laranja
cinza – tempestade, para inundar o olhar do que avista o
entardecer.
Sem
escova elétrica, secador e sem chapa por conta da energia e acesso a
tecnologia, pouco evoluída para a indústria da beleza. Os cabelos
exibiam-se em sua naturalidade, como quase tudo em tempos de poucos
artifícios para facilitar a vida e produzir riqueza.
[Alongamento]
Já se
aplicava para alterar aspectos físicos da etnia que historicamente
vem lutando e se firmando nos espaços socialmente valorizados e
apresentando a importância dos que historicamente foram
discriminados.
[quintais]
Cercanias
de pau a pique que se alongavam a dar nas vistas, neles não só se
plantava, se criava, dançava e também se benzia. Com invenções de
circularidades para as cirandas e outras
brincadeiras de roda, e da também roda pião.
[
reentrâncias]
Dos
fios, dos rios em terras de matas cercadas, em que os ciclos sazonais
dos templos castanhais abastecem os armazéns do cais do porto. A
estação Fria da Guerra traçou a moderna estratégia. Para outros
Portos vãos as minas sendo transplantadas e a sonoridade da
locomotiva nos trilhos é outra variação dos Planos traçados.
[laços]
Firmados
em redes que se conectam, e se projetam graças as hidrovias, graças
as rodovias e também a ferrovia. E os nós se impactam do local,
global.
E os
fios se enlaçam
[
tranças]
Surgem
serpenteando-se em caminhos que buscam a origem, encantos, encontros,
com a ancestralidade.
Para
um solto libertado, do fuzil que reprimiu
[o
funil]
Definição
de uma forma de arranjo, ao modo dos ninhos dos pássaros, da coroa
às extremidades do comando do corpo que realça a originalidade, com
fugaz simplicidade.
Para
um avolumado e ritualidades
[bobes]
Forte
elemento da cultura do cuidado.
O
resultado esperado com tratamento dado exige determinação, como
quase tudo nessa vida, não há luta sem esforço, vitória sem
batalha, beleza sem um preço.
A
alegria é o irradiar de energia que gerou o fruto da conquista.
Mas
havia quem se lançasse ao desafio do enfrentamento, forte
característica dessa gente, povo de muitas lutas. Luta até pela
s-e-P-a-r-a-ç-ã-o, por sentir não receber a correta atenção, de
quem tem em mãos o Todo a ser fatiado, mas quase sempre a maior
fatia fica concentrada nos arredores do Palácio.
Onde
os que vivem querem deixar como estar. Mudar, ameaça.
[Ao
recurso]
Dessa
e de tantas outras territorialidades desse chão, tão densamente
povoado .
De tão
intenso os bob’s ficaram no imaginário da população e atualmente
expressa diversas variações.
No
folclore da cidade tem uma porca de bobes, lendária por habitar
terras urbanas com rios que lhe inundam e matas que lhe circundam. E
gente, e bicho, que vida, indiferente ao capricho, ao cuidado.
Escárnio da classe da voz e autoridade. E que culpa, não tem! Só
utopia.
E
assim comprovou o Cordeiro aos que tinham pedras nas mãos (sujas),
prontos a lançar sua condenação.
A
modernização trouxe facilitações, maldições e tantas negações
como a da diversidade, que se aplica na beleza, na cultura e
natureza.
Em
janelas virtuais, portais reais, calçadas, bancos e praças circulam
relatos, falares sobre os efeitos do que do interior vem sendo
extraído e exportado, dando movimento a outras redes e
entrelaçamentos.
Memórias,
histórias que não devem ficar no esquecimento pois é preciso
pujança para outras formas de produzir riquezas, sem perder tanto a
natureza.
Para
alegria das crianças chegou também, por força da globalização,
o da Fenda do Biquíni, o Esponja Calça Quadrada, nos jogos e
histórias nas mídias veiculadas, que ocupam espaços (corpos,
tempos e mentes) para os que se encantam independente de idade.
Gerações
que brincam, que lutam, que buscam a íntima, viva - cidade.
E como
mudar para encontrar dignidade a pequena de bobes, bob’s -
variações de mesma sonoridade, nesse universo que do pontal, e do
alagamento, fez-se alongamentos e se expandiu em extensos núcleos
habitacionais?
E
assim teceu-se a malha da cidade, de vias e rios.
No
imaginário da cidade habitam seres transportados de outras
localidades, sendo essa região de intensa migração, conflito,
mudança, constância...
Os que
chegam e os que recebem, divergem, convergem. Encontros, dos prós e
dos nós.
Do
(re)habitar.
Bob’s
também é lanche popularmente apreciado também chegado de outras
localidades. E assim vai se tecendo a rede dessa diversidade. Seja de
classe, raça ou etnia é expressão da diferença nos traços da
fisionomia, da cultura e economia presentes na cidade que cresce e a
cada ano renasce.
Dona
Menina
Professora
dessa localidade
terezagues2@gmail.com
3 comentários:
Carminda Bezerra comentou no face: Nossa a Tereza abalou, maravilhosamente abordou a diferença etnico cultural, gostei Canaan Bezerra.
Uma luz que clareava em volta, embebedada de querosene sugada de um pavil.
Um barco que sangrava os rios, um condutor atento que jamais podia errar, em sua frente espocam rebojos, pedras mortas mas que poderiam matar, ao homem condutor restava-lhe usar de seus conhecimentos e técnicas, pois sem o auxilio da tecnologia de ponta restava-lhe acreditar nele. Hoje a comodidade do dia a dia da vida me faz lembrar: qual a diferença de um liquidificador elétrico, pra uma PAXIBA? Que diferença de gosto tem o café que foi torrado em lata, muído de MUINHO a braço, para o embalado a VACUO?
Marabá CENTENARIA, Marabá que jamais irá esquecer seus PIONEIROS.
Ivo Simões Neto
Oi amiga, muito interessante a tua analogia! Gostei muito, parabéns! Até me inspirou. Quero também parabenizá-la por mais um ano de vida, que o Senhor te presenteie com o que mais precisas.
Um forte abraço,
Ruth Cléa
O Cabelo Seco continua com sua beleza expressa na confluência dos rios Tocantins/Itacaiunas e também pela vista do imenso outdoor natural e esplendido no nascer e no por do sol, tais belezas se espalharam pelos banzeiros dos rios atraindo visitantes que se encantaram com tanta beleza e foram ficando. Assim, a península foi ficando pequena pra tanta gente que aqui buscava desfrutar desta beleza.
Marabá não tem só belezas naturais, mas também muitas riquezas! Do Caucho a Castanha do Pará, Pedras Preciosas, Ouro e Ferro brotam do seu solo. Agora a cidade atrai os grandes projetos, que atrai uma diversidade de pessoas oriunda de todos os estados brasileiros, fazendo da nossa cidade uma mistura de culturas que foram sendo incorporadas a nossa.
E Marabá foi se expandindo nas áreas rurais e nos castanhais. Hoje, no lugar de uma exuberante castanheira está erguido arranha céu, o suco de cupuaçu com o leite da castanha não é mais tão apreciado, nossas jovens preferem sanduiches com Coca-Cola. Não podemos criticá-los, pois, como dizia minha vó, os tempos mudaram. De forma alguma sou contrária à evolução dos tempos, ao contrário, precisamos evoluir também, mas não perdendo a beleza da vida na cidade.
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